mundo estranho do sabiá

Aqui estou para compartilhar com vocês a mais subjetiva das formas de arte: a poesia. Leiam as minhas criações e tirem suas conclusões. Devaneios de um nefelibata? ou pragmatismos de um pensador? A escolha é sua.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Nada de mais.



Ninguém lhe estendeu a mão
Para levantá-lo do chão
Cada vez que caía.
Nunca quiseram sua amizade
Era excluído da sociedade
E se refugiava na bebida.

Ninguém conheceu seus desígnios
Seus desejos escondidos
E sua razão de viver.
Ninguém perguntava se tinha família
Ou como foi seu dia
Preocupações de bem-querer.

O que lhe faltava de amigos
Sobrava em adjetivos:
Louco, indigente,
Bêbado, demente,
Canalha, indolente.
Negavam-lhe até o direito
De ser tratado como gente.

Seu corpo agora no chão
Na calçada da avenida,
Recebe toda a atenção
Que fora negada em vida.

Alguém pergunta na multidão:
-Quem foi que morreu de frio?
E respondem com convicção
-Ninguém, apenas um mendigo...

11/02/2005

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